Exames Cardiológicos
A Cardiologia é uma das especialidades médicas tecnologicamente mais evoluídas.
A partir da invenção do estetoscópio no século XIX, muito se avançou.
Muitos outros exames foram desenvolvidos.
Com auxílio deste arsenal de exames, o cardiologista consegue identificar com precisão o problema cardíaco.
ELETROCARDIOGRAMA
O eletrocardiograma é um clássico.
Entrega várias informações, como o ritmo do coração, o tamanho de suas câmaras, a espessura de seus músculos, infartos ocorridos, dentre outras.
ERGOMETRIA
A ergometria é o eletrocardiograma registrado durante o esforço físico.
Também chamada de teste ergométrico.
A ergometria mostra as capacidades do coração frente ao estresse físico.
Como acelera os batimentos, como se comporta a pressão arterial, se o eletrocardiograma se altera, e se aparecem sintomas.
Sintoma é o que a pessoa sente. Exemplos: dor no peito, cansaço, falta de ar, batedeira.
HOLTER
O Holter é o registro do eletrocardiograma ao longo de 24 h.
O termo Holter homenageia o desenvolvedor do método.
É um exame ótimo para pesquisar alterações no ritmo do coração.
É solicitado para pessoas com palpitações – “batedeiras”, tonturas, ou desmaios.
Há outros métodos que registram o ritmo do coração por períodos mais longos, como os loopers, os dispositivos implantáveis e os dispositivos vestíveis – wearables (relógios inteligentes – smart watches).
MAPA
É o exame indicado para avaliação da pressão arterial.
Em duas situações:
- pesquisar com precisão se a pessoa tem pressão alta;
- avaliar se o tratamento da pressão alta é eficaz.
- MAPA é uma sigla para: Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial.
A pressão é registrada durante 24 h.
A pessoa coloca o aparelho de pressão e segue seu cotidiano: trabalho, casa, supermercado …
Os valores de pressão arterial são registrados, analisados e o médico então sabe se:
– a pressão arterial é alta;
– o tratamento instituído é eficaz.
Há uma variante deste exame, chamada de MRPA: Monitorização Residencial da Pressão Arterial.
EXAMES DE IMAGEM
São exames muito informativos.
RX
Outro clássico. Por muitos anos, o exame de imagem soberano na cardiologia.
E entrega muitas informações: tamanho do coração, de suas câmaras, alterações na aorta e artérias pulmonares, presença de líquido nos pulmões, dentre outras.
Ecocardiografia
A ecografia do coração (ecocardiografia) mostra;
– o tamanho do coração;
– o tamanho individualizado de suas quatro câmaras: átrios e ventrículos;
– a estrutura e funcionamento das quatro válvulas cardíacas;
– o rendimento do coração como bomba;
– a contração do músculo cardíaco …
A ecocardiografia é feita com o transdutor posicionado na pele do peito.
Transdutor é o “microfone” que emite e capta o ultrassom.
Também pode ser feita com o transdutor no esôfago, como numa endoscopia digestiva. Chama-se ecocardiografia transesofágica.
As imagens da ecocardiografia são adquiridas em duas dimensões (bidimensional), ou em três dimensões (tridimensional).
Durante a ecocardiografia, o coração pode ser acelerado por exercício físico ou por medicação. A aceleração do coração pesquisa se há falta de sangue (isquemia) em alguma parte do coração. O ecocardiograma realizado com a aceleração do coração é chamado de stress-eco.
Se o transdutor estiver num cateter posicionado dentro do coração, chama-se ecocardiografia intracardíaca.
Cintilografia Miocárdica
Para poder trabalhar, o músculo do coração precisa de oxigênio e nutrientes.
Como um motor precisa de ar e gasolina para propulsar um carro.
O sangue é o veículo de entrega do oxigênio e nutrientes.
As artérias coronárias são os caminhos por onde este veículo circula.
A cintilografia pesquisa como está a entrega de sangue para o músculo do coração, como faz o stress-eco.
Se a cintilografia mostra pouca entrega de sangue para uma parte do coração, conclui-se que a coronária situada nesta parte esteja obstruída.
Noutras palavras: se a estrada (coronária) está obstruída, o veículo (sangue) tem dificuldade de circular por ela.
Ressonância Magnética
A ressonância magnética traz informações semelhantes às fornecidas pela soma da ecocardiografia e da cintilografia.
Avalia no coração:
– a estrutura;
– a função;
– presença de isquemia.
Tomografia Cardíaca
A tomografia é sofisticação tecnológica do raio X.
Usa contraste com iodo.
Avalia detalhadamente a estrutura do coração.
É usada no planejamento do tratamento de válvulas cardíacas (TAVI…), na oclusão de apêndice atrial esquerdo, na pesquisa de obstruções coronarianas …
Cateterismo Cardíaco
O cateterismo cardíaco é o padrão-ouro para a identificação de alterações nas coronárias. Em especial, para detectar obstruções causadas por gorduras ou coágulos.
O cateterismo cardíaco informa quanto a coronária está obstruída, onde está a obstrução, o tipo de obstrução, se há presença de cálcio, como está o fluxo de sangue nas coronárias, dentre outros.
É indicado quando a avaliação inicial sugere problemas como angina e/ou de falta de sangue no músculo do coração.
É essencial em situações de emergência, como ataques cardíacos (infarto agudo do miocárdio), ou quando os exames iniciais não esclareceram o problema cardíaco.
Além de fazer diagnóstico, os cateteres permitem o tratamento das alterações do coração.
A área da Cardiologia que usa cateteres para diagnóstico e tratamento é chamada de Cardiologia Intervencionista.
A Cardiologia Intervencionista descobre o problema do coração, e ajuda a tratá-lo.
Cateteres são pequenos e finos tubos plásticos flexíveis introduzidos pela artéria do punho ou virilha.
A Cardiologia Intervencionista é menos invasiva que a cirurgia cardíaca tradicional. Não há cortes.
A cirurgia cardíaca acessa o coração geralmente por exposição direta.
A Cardiologia Intervencionista acessa o coração por punção com agulha fina no punho ou virilha, através de cateteres orientados por raios X.
Além dos cateteres habituais, outros dispositivos diagnósticos utilizados pela Cardiologia Intervencionista são os cateteres de: ultrassom intracoronariano, tomografia de coerência óptica e avaliação de reserva de fluxo coronariano.
Qual o exame mais solicitado no âmbito da Cardiologia Intervencionista?
É o cateterismo cardíaco. Considerado o padrão-ouro para avaliação das coronárias.
O cateterismo cardíaco entrega muitas informações sobre as coronárias: se há entupimentos, quantos entupimentos são, onde eles estão, suas dimensões, se são causados por gordura ou por coágulos, se há presença de cálcio, como está o fluxo do sangue nas coronárias e diversas outras informações.
Também esclarece dúvidas estruturais e funcionais não resolvidas por exames de imagem anteriores.
O cateterismo cardíaco é um exame realizado em hospital, e em caráter ambulatorial, ou seja, após sua realização, a pessoa volta para casa, não fica internada no hospital.
É feito com anestesia local e sob leve sedação, que deixa a pessoa mais zen.
Não há cortes, pois a artéria é acessada mediante punção com agulha fina.
A artéria geralmente escolhida para o acesso ao sistema arterial é a artéria radial, localizada no punho.
Alternativamente, também pode ser acessada a artéria femoral, que fica na virilha, ou outra artéria.
Como posso saber se farei o cateterismo pelo punho ou pela virilha?
A grande maioria dos cateterismos é feita pelo punho.
Para definir qual o melhor caminho ao coração, o cardiologista intervencionista costuma fazer um rápido exame físico no punho, chamado teste de Allen.
Se este teste for favorável, e costuma ser na maior parte das pessoas, o cateterismo cardíaco pode ser feito pelo punho. Não há unanimidade científica quanto à necessidade deste teste.
Após o cateterismo cardíaco, é necessária uma breve compressão da artéria puncionada, acompanhada na sala de recuperação.
O cateterismo cardíaco é isento de risco?
O cateterismo cardíaco é considerado um exame muito seguro. Infelizmente, não há plena isenção. De forma geral, as atividades humanas embutem risco, como condução de veículos, atravessar uma rua … .
Se realizado com as condições de segurança previstas, por profissionais experientes, dificilmente haverá complicações relacionadas ao cateterismo cardíaco.
E, com base nas informações entregues pelo cateterismo cardíaco, o cardiologista tem condições precisas para indicar a melhor solução para o problema cardíaco detectado.
Se for detectada uma obstrução na coronária, no próprio cateterismo cardíaco já ocorre o seu desentupimento?
Não necessariamente, por ser o cateterismo cardíaco um procedimento diagnóstico, cujo objetivo é descobrir o motivo da alteração que a pessoa apresenta.
Neste sentido, compara-se a outros exames diagnósticos, como um eletrocardiograma, por exemplo.
Já o desentupimento da coronária é realizado num outro procedimento, chamado de angioplastia coronariana.
A angioplastia coronariana pode ser realizada num outro momento, ou na sequência imediata do cateterismo cardíaco. Em situações de urgência, a angioplastia coronariana sempre é realizada imediatamente após o cateterismo cardíaco.
Em situações em que não há urgência, as chamadas situações “eletivas”, a realização da angioplastia pode ser no mesmo ou num outro momento.
Há vantagens e desvantagens em ambas as estratégias.
Vantagens: menor número de visitas ao hospital, e a resolução do problema com maior brevidade.
Desvantagens: tomada de decisão com menor tempo de reflexão, a não participação do médico assistente no processo decisório, e o uso de maior quantidade de contraste iodado num único momento.
O contexto em que é realizado o cateterismo cardíaco, seu resultado, o estado de funcionamento dos rins, o volume de contraste utilizado, dentre outros fatores, são elementos importantes na definição sobre a realização, ou não, de angioplastia coronariana logo após o cateterismo cardíaco